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domingo, 20 de outubro de 2013

Não era vulgar...


                                                                            Ilustração: Internet



Não era vulgar o seu sorriso,
Apenas comprometido
Com a solidez do dente.
Natural era o beijo,
No matinal riso de chegada,
Na aguardada eternidade, de mãos dadas...
Urgência, buscando a boca desejada.
Não era banal o seu olhar,
Perdido na madrugada,
Turvo, nostálgico, transtornado
Em jorro infernal de enigmas.
Sem timidez, eis... Insinuar visitas...
O que buscavam esses dois matizes de aurora?
Esse hábito de amar e de conter-se,
De provocar e seduzir: ciúmes...
No público encontro sensual?
De mãos, de lábios, de ter-se.
Não era desmedida fruição aquele extenuar-se,
Mas galante par de criaturas,
Que dois, enlaçados, um - juntos -
Projetam sombra de precisa escultura.
Provisório estar assim... Beijar-se.
Intolerável enfim, deixar-se, perder-se,
Sustentado antes pelo encontro,
Tênue e solitário agora, pelo ir-se.
Não era vulgar o seu sorriso,
Não era banal o seu olhar...
Escultura em lágrimas ao partir.




Autora: Valeria Áureo
                                                             Ilustração: Internet