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terça-feira, 23 de maio de 2017

O Trem





O trem treme no trilho

E traz trezentos trabalhadores.

O trem vem de Petrópolis.

Trinta e três desembarcam atrasados,

Duzentos e sessenta e sete

Seguem viagem...Outros na estação.

Treze sentam atrás.

Os outros sentam à frente.

O cobrador atrapalhado

Troca três por dois trocados.

No trânsito congestionado,

Todos pedem passagem.

Só o trem não fica travado.

Na trama do trilho o trem vai...

No atrito do tráfego entroncado,

Só o trem não se atrapalha:

O trem nunca erra o trajeto,

Nunca deixa a estrada de ferro

Segue a viagem... Abafa o berro.

Traz atriz, traz trapezista,

Traz trombone, traz artista
Traz espartilho e saia.

Traz tranca para porta de trinco,

Traz trova, traz travesseiro e prato.

Traz o trágico professor de teatro.

Traz trecos, traz trupe, atores...

Traz índio da tribo tabajara...

Traz trapos e cobertores.

Traz estrondo dos tambores

E tropas de cavalos e burros.

O trem todo dia trabalha,

Já carregou mais de um trilhão

De tralhas e gente em frangalhos.

Traz cacarecos. Traz trigo, traz milho,

Apetrechos, trevos, bonecos e grilos,

Jogadores, tabuleiros e baralhos.

O trem nunca pega a contramão.

No fim da viagem, troca de carro e carvão.

O foguista enfim descansa

E apaga a grande fornalha.

O motorneiro trava a cancela,

Apaga o cigarro de palha.

O trem para na estação,

Faz barulho de trovão

Chia, treme e solta fumaça:

Piu ... Piu ...

E esvazia o vagão, 

O carregador descarrega a bagagem,
O passageiro entrega a passagem,

E o palhaço faz graça e trapaça
E afaga a pança em ridícula massagem.

Francisco toca o trombone na praça

E todo mundo alegre se abraça.




Autora: Valéria Áureo

Poesias Infantis In: Carrossel de Vento