O trem treme
no trilho
E traz
trezentos trabalhadores.
O trem vem de
Petrópolis.
Trinta e três
desembarcam atrasados,
Duzentos e
sessenta e sete
Seguem
viagem...Outros na estação.
Treze sentam
atrás.
Os outros sentam à
frente.
O cobrador atrapalhado
Troca três por
dois trocados.
No trânsito
congestionado,
Todos pedem
passagem.
Só o trem não
fica travado.
Na trama do
trilho o trem vai...
No atrito do
tráfego entroncado,
Só o trem não
se atrapalha:
O trem nunca
erra o trajeto,
Nunca deixa a
estrada de ferro
Segue
a viagem... Abafa o berro.
Traz atriz,
traz trapezista,
Traz trombone,
traz artista
Traz espartilho e saia.
Traz tranca para
porta de trinco,
Traz trova,
traz travesseiro e prato.
Traz o trágico
professor de teatro.
Traz trecos,
traz trupe, atores...
Traz índio da
tribo tabajara...
Traz trapos e cobertores.
Traz estrondo
dos tambores
E tropas de cavalos e burros.
O trem todo
dia trabalha,
Já carregou
mais de um trilhão
De tralhas e gente em frangalhos.
Traz cacarecos. Traz trigo, traz milho,
Apetrechos, trevos, bonecos e grilos,
Jogadores, tabuleiros e baralhos.
Jogadores, tabuleiros e baralhos.
O trem nunca
pega a contramão.
No fim da
viagem, troca de carro e carvão.
O foguista
enfim descansa
E apaga a grande
fornalha.
O motorneiro trava a cancela,
O motorneiro trava a cancela,
Apaga o cigarro de palha.
O trem para na
estação,
Faz barulho de
trovão
Chia, treme e solta
fumaça:
Piu ... Piu ...
E esvazia o vagão,
O carregador
descarrega a bagagem,
O passageiro entrega a passagem,
E o palhaço faz graça e trapaça
E afaga a pança em ridícula massagem.
O passageiro entrega a passagem,
E o palhaço faz graça e trapaça
E afaga a pança em ridícula massagem.
Francisco toca
o trombone na praça
E todo mundo alegre se abraça.
Autora: Valéria
Áureo
Poesias
Infantis In: Carrossel de Vento