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sexta-feira, 20 de julho de 2018

Lua II


Exercita-se a Lua em tênue fio,
Malabarista noturna dos astros.
Na ponta dos pés, despida no rio,
Equilibrando-se no extremo dos mastros.
Sapatilhas azuis, encobertas na noite
Acrobata em salto mortal. Nas nuvens.
Contorcionista de mil braços, raios na cidade...
Eternidade interrompida pelo sol.
A prata de um açoite
Vara a escuridão dos bares
Tão logo fulgura a claridade.

Traça ela na vastidão do infinito
Na crescente circunferência,
Mil paralelas sem fim;
Coroa de sua lavra, a imagem prateada
Vem se refletir na água.
Seu contorno na alcova, no verso,
Acoberta a mulher amada
Empalidecendo-se no dia nascente.
Lua!... Ver-se assim refletida e desnuda
Em fases de tantas elas, bailando...
Lua, Lua, Lua... Cheia, nova, minguante:
Cíntia, Selene, Ártemis, Diana...
Em todas elas se esconde.
Dança, se triste, ou crescente,
Expõe-se iluminada e candente
Iluminando o amor disperso,
Em alvíssima porcelana...
Na órbita dos astros sequentes,
Na escuridão do universo.

Autora: Valéria Áureo
In: As Folhas Devem Cair