Serenata do Adeus
Um dia ele olhou
mais detidamente para o céu
Do que o costume...
Prestou atenção no
tempo;
Destilou certo
azedume.
Apagou-se
dentro dele o lume.
No cinzeiro esmagou
a brasa do cigarro
Aceso/apagado/esfumaçado - ao final queimado...
Disse que estava
nublado, escuro,
Prenúncio de
tormentas e ventania.
Vai chover!...
Previa...
Nem um afago... Mau augúrio.
Nada de encontro,
balbuciava entre dentes;
Não poderia sair.
...Saiu e colocou perfume.
...Saiu e colocou perfume.
Outro dia ele baixou
os olhos, olhou para o chão,
Para ela não.
Parecia entediado.
Falou do tempo:
- É... Vai chover!
Sussurrante e conciso.
Disse que precisava
pensar, entre repentes;
Saber o que sentia
no coração.
Desconfiada ela
chorou...
Quanto tempo ele não dizia:
Quanto tempo ele não dizia:
- Saudades, meu
amor!
Outra vez ficou
tarde... Muito tarde.
Escuridão
alternando luz: anoitecendo, amanhecia,
E o calendário
desfolhava folhinhas dos semanais...
Ventava, molhava,
secava, nublava e chovia.
Outras vezes o sol
era tíbio ou ardia...
Amanhecia
janeirando, doze meses,
Decembrando nas
árvores de Natal
Os vagalumes.
Que falta dos beijos seus!...
Os vagalumes.
Que falta dos beijos seus!...
Ele nunca mais
apareceu,
Nem mesmo para lhe
dizer adeus!
Autora: Valéria Áureo
In: Sono das Pedras
In: Sono das Pedras
01/10/2010