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segunda-feira, 12 de junho de 2017

WORDART


Nickname: Lobo do Mar, ou Selvagem;
Tigrão, Cinquentão, Meia-idade.
Tu sonhas como seria
Ter um affaire com Maria.
Encaminhas cópia oculta
E enalteces teu pen drive:
Um Bill Gates, uma Microsoft!

Vendes mil beijos na boca
Que se fazem inocentes,
Ícones, propostas loucas,
Envidraçadas nos dentes,
Expostas no monitor.
E te ofereces, webmaster,
Fazendo upload com outras.

Na tela... No espaço... Dás enter!
Beijos entalhados no ventre
De invisível sedutor,
Embutidos nos Emails
Nos recados, nos correios
De uma loura Leonor...

Isauras, Teresas, Estelas,
Marias, Angélicas tão belas...
Tão longe, tão perto e conciso,
Resumes teu aplicativo:
Um potente hardware.

Wordart tu pões em destaque.
Copias e colas... Navegas;
E vens afoito ao ataque!
Diante do laptop, ativo...
Galante! Stop! Um hacker...
Galante e conquistador…

Emotions, documents, pecados...
Precisas deixá-los gravados
No webcam. Meia-noite... De anseios...
No corpo, no home Page, nos seios,
Na página da negra Neide.

Delete! Mais uma ao mar!
Antes que a ingênua, incauta,
Descubra da ruiva Cleide, o avatar.
Que enciumada e triste, deixa estar...
Neide desnuda queira se matar.
Azar... Tu pensas: sobra-me a Guiomar!

Que fuja, ou te trate mal, internauta...
Ou troque o segredo, a senha,
A que melhor te convenha...
Mas não faz mal:
Neste mundo virtual
Até mesmo a Maria da Penha
Pode te consolar.

Já com a saudosa Grace,
Nem ao menos um Backspace...
No Excel dois mil e sete,
Calculas o potencial de Ivete.
No alinhamento de dados:
Uma para domingo,
Outra para sábado.

Queres levá-las com o tempo em resenha,
Arrastá-las pela Web, em aventuras.
Digitas, editas, salvas, envias e programas...
Acesso rápido. Área de transferência:
Pensas: quiçá hoje eu levo uma pra cama...
Não está Alice, mas está a Penha.
Não sendo a Rosa, talvez a Ana.

Conectado a roteador. Lento…
On line... Com sólido argumento,
Tens só um pensamento:
Realizo teus sonhos! Faço loucuras!...
Ah! Férteis mensagens, promessas,
No Skype, nas longas conversas.
Coloridas de confetes. Advertes:
Tenho mil beijos pra Beth,
Disponíveis, top secrets… Chicletes.
Para o corpo acomodar Elizetes
Nos blogs, no Facebook de Anetes.

E, tua boca cedente, ao vivo,
Em closes, by Messenger, prometes:
Segredas só para uma,
Como se só uma houvesse...

Uma paixão descabida. Um arquivo,
Um livro aberto, disseste.
Download... Sem você eu não vivo!
Mentes... À outra, à última conheces...
Insensível, à primeira argumentas:
Vê se me esquece!

Configuras, atualizas teu banco de dados,
Software, com muitas mulheres,
Mesclando funções e cores
Formatas opções de amores,
Diverte-te. Da forma que queres,
No link de tantos desejos: Lolitas,
Balzacas, mulheres insones, aflitas,
Que loucas imploram na noite:
Jamais me abandones!

Acabas falando sozinho.
“Te irritas”: Cadê a Benedita?
Por que não está a Anita?
Off line, desconectado...
Deixa ao menos um recado!
Mulheres malditas!

Acabas clicando no nada.
Na noite e de madrugada,
Na rede dos continentes...
Vagueias, persistes, insistes:
Isauras, Teresas, Estelas,
Rosas, Giseles, Helenas?
Tão belas...
Toda mulher vale a pena!
Sem saberes, ao menos onde...
E quantas, e quem são elas...

Vírus, falácias espalhas...
Mentiras, spams e banners,
Dia e noite, todo o ano;
Ah! Les femmes...
Com propósito de engano.
Tramas na Rede as malhas:
Não esqueças que eu te amo!

Eu seria Maysa, Piaf, Dolores,
Uma mulher de muitas dores,
Se em ti acreditasse.
Basta! Some, vê se te afastas!
Apaga meu endereço!
Eu, por mim, já te esqueço!
Eu te alerto: nem és meu dono!...
Eu te pergunto: Salvar Como?


Autora: Valéria Áureo

Antologia do I Concurso de Poesias
Prêmio Amigos do Livro /Filipoços – 2010
Pag.70