Um o mar alcança...
Alça voo a ave branca.
Uma, plena de penas e apenas asas, açoita o vento.
Corta a noite e acalma o pouso entre telhados,
Onde faz ninhos a arrulhar lamentos.
O rio, ao contrário da ave, vai rasteiro
A esgueirar-se pelo chão ao meio.
Acomoda areias, ramos, seixos e sobranceiro
Rolando águas, peixes, veios,
Compõe com a ave tal diversidade...
De estar ela sobre casas, conquistando o infinito
E ele, o rio companheiro,
De estar na terra a expandir-se aflito
Entre pedras, sob o atrito, a machucar-se inteiro,
Enquanto o pássaro a refrescar-se veio
Ao seu encontro fazer-se Rio Pomba.
Oposição de estar ela no ar, ele no chão;
Duas forças antagônicas, primeiras,
A ser só uma, uma cidade entre as mineiras
Pacificada sempre, por ser pomba.
Ser rio, ser unicidade. Ar e aguaceira
Que contêm voos, ares... E corre mansamente
Entre montanhas tímidas, o rio resistente...
Que eu não me deixe
Insensível, esquecer-te,
Perder-te surdo, ignorar-te o grito,
Ver silencioso, secar-te o leito.
Que eu não me deixe
Mudo, ignorante,
Aprisionar-te pássaro e peixe...
Valéria Áureo Cerqueira
Poesias
Pomba e Rio, poesia laureada no Concurso Prêmio Canon de Poesia 2009 -
Coletânea 50 Poetas
Alça voo a ave branca.
Uma, plena de penas e apenas asas, açoita o vento.
Corta a noite e acalma o pouso entre telhados,
Onde faz ninhos a arrulhar lamentos.
O rio, ao contrário da ave, vai rasteiro
A esgueirar-se pelo chão ao meio.
Acomoda areias, ramos, seixos e sobranceiro
Rolando águas, peixes, veios,
Compõe com a ave tal diversidade...
De estar ela sobre casas, conquistando o infinito
E ele, o rio companheiro,
De estar na terra a expandir-se aflito
Entre pedras, sob o atrito, a machucar-se inteiro,
Enquanto o pássaro a refrescar-se veio
Ao seu encontro fazer-se Rio Pomba.
Oposição de estar ela no ar, ele no chão;
Duas forças antagônicas, primeiras,
A ser só uma, uma cidade entre as mineiras
Pacificada sempre, por ser pomba.
Ser rio, ser unicidade. Ar e aguaceira
Que contêm voos, ares... E corre mansamente
Entre montanhas tímidas, o rio resistente...
Que eu não me deixe
Insensível, esquecer-te,
Perder-te surdo, ignorar-te o grito,
Ver silencioso, secar-te o leito.
Que eu não me deixe
Mudo, ignorante,
Aprisionar-te pássaro e peixe...
Valéria Áureo Cerqueira
Poesias
Pomba e Rio, poesia laureada no Concurso Prêmio Canon de Poesia 2009 -
Coletânea 50 Poetas