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domingo, 28 de agosto de 2016

Abismo de Rosas...







             


Quero quedar-me na vertente infinda
No abismo mortal de pétalas e perfumes,
Nos braços rijos, nos encantos sutis,
Nos beijos ardentes, nos afagos juvenis,
No arrojo firme da boca experiente,
Que se torna pura, natural caminho,
Do beijo pleno de plangente acorde.

Acordar perseidas, aplacar a dor...
Não me acorde antes, meu amante ,
Se do númeno aprendizado
Perscruta a minha alma, nubívago errante...

Entrego-me ao amor que também me ama,
Que me faz reinar, novíssimo sentido.
Faz-me chorar, lágrima vertida nos acordes,

Além das sete notas, que mistral dedilha...
Quero me fazer feliz, ressurgida flor,

Corola imarcescível, úmida...
Fazer minha linguagem no silêncio...
Paralipse do corpo luzente rijo
Audacioso que me alcança...                                                      

E me desmente, outrora ilha...





Entrego-me... Virtuose, em suas mãos.
Precipita-me na queda orfeica...
Oh! Meu poeta singular me toca...
Em espirais de sons me lança.
Entrego-me ao amor que também me quer,
E malmequer e rosas e orquídeas...
Que recupera célere, das ondas vertentes,
As pétalas errantes, nas cordas do instrumento
E me perfuma toda,  enquanto arranja as flores
no meu corpo de impudico buquê.

Autora: Valéria Áureo

In: Sono das Pedras

Poesias

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