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domingo, 18 de setembro de 2016

Águas do leito








Banhei-me no ruído de espumas;
Havia o frescor das vagas; frescas folhagens...
Procurei  o tesouro na ilha, querendo fortunas.
Encontrei o areal de prata revolvendo as dunas.
Colhi  cascalhos das margens,

Enfeitei-me de gotas e prudência.
Chovia.


Persegui borboletas nos ventos.

Refleti o sol na paisagem de inocência.

A noite prometia os fulgores da lua.
Conversei com lavadeiras nas pedras,

Onde os lençóis brancos elas batiam.

Recolhi palavras de anil e sapiência.
Eu ouvia.


Refugiei andorinhas da vidraça,
Experimentei embalos na barcaça
Havia pescadores com redes...

Envelheciam, bebiam, matavam as sedes.
O menino, encantador de passarinhos,

Contou-me de sua experiência
Eu crescia.



Ensinou-me a falar com os peixes

E a respirar fundo no mergulho...
Era uma utopia o que sabia.
Enquanto pescava sabedoria,

Levava para casa lambaris em feixes,

Deixava no rio a candura.
Eu via.


O rio escoa-se repetido e a criança ria.

No álveo destino de ensinar o menino,
O rio dizia que no leito antigamente
A água transbordava bem distante.
Se na manhã de prata era constante,

Noturno o rio vinha implorar clemência

Morrendo na água escura.
Eu sentia.



Valéria Áureo



25/11/2009