Banhei-me no ruído de espumas;
Havia o frescor das vagas; frescas folhagens...
Procurei o tesouro na ilha, querendo fortunas.
Encontrei o areal de prata revolvendo as dunas.
Colhi cascalhos das margens,
Enfeitei-me de gotas e prudência.
Chovia.
Persegui borboletas nos ventos.
Refleti o sol na paisagem de inocência.
A noite prometia os fulgores da lua.
Conversei com lavadeiras nas pedras,
Conversei com lavadeiras nas pedras,
Onde os lençóis brancos elas batiam.
Recolhi palavras de anil e sapiência.
Eu ouvia.
Refugiei andorinhas da vidraça,
Experimentei embalos na barcaça
Havia pescadores com redes...
Envelheciam, bebiam, matavam as sedes.
O menino, encantador de passarinhos,
O menino, encantador de passarinhos,
Contou-me de sua experiência
Eu crescia.
Ensinou-me a falar com os peixes
E a respirar fundo no mergulho...
Era uma utopia o que sabia.
Enquanto pescava sabedoria,
Era uma utopia o que sabia.
Enquanto pescava sabedoria,
Levava para casa lambaris em feixes,
Deixava no rio a candura.
Eu via.
O rio escoa-se repetido e a criança ria.
No álveo destino de ensinar o menino,
O rio dizia que no leito antigamente
A água transbordava bem distante.
Se na manhã de prata era constante,
O rio dizia que no leito antigamente
A água transbordava bem distante.
Se na manhã de prata era constante,
Noturno o rio vinha implorar clemência
Morrendo na água escura.
Eu sentia.
Eu sentia.
Valéria Áureo