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quarta-feira, 17 de julho de 2019

A Guerra dos Meninos

                                            Ilustração: Fonte  Internet
Lá do alto
No farol da Ilha de Quimera,
O menino avista o alvo...
Mira, sustenta e espera, a salvo...
Ele aponta o dedo para a esfera;
Vai começar a batalha
Na longínqua Riviera de Gargalha.
Outro menino fardado
Olha através da luneta, além da muralha,
E avança no campo minado
Empunhando a arma de metal.
O menino americano sobe a torre e toca o sino, e espera.
Carrega o fuzil e a escopeta
E, entoando o canto da vitória,
Ergue a mítica bandeira.
Os dois meninos inovam a geometria:
Novos rumos no horizonte;
Novos riscos no mapa.
Novos golpes de espada,
Novas fronteiras, além da Ribeira,
Vistas à distância na hilária bravata.
Uma bomba, uma explosão,
Um estrondoso vaticínio:
Um míssil no ar lançado...
Um artefato de alumínio:
Explode no campo inimigo
A lata de Coca-Cola.
O outro, obstinado, olha para o mar
De bolhas e espuma,
E devassa o disputado domínio
E avista o submarino invadindo
A escuna;
Avista outro jato de espuma emergindo
Avista a bomba de gás subindo.
E a ameaça de longe, nos jorros
Marrons refrigerantes,
Que a branca cobertura da bebida esconde,
Toma vulto sob a neblina.
Os dois meninos gritam e riem
Vestidos de fardas de jornal.
Brincam de guerra, inocentes,
E fazem do mundo um front,
Uma guerra de dois soldados
Um campo de dois combatentes,
O globo, um brinquedo redondo.
Uma bola de gude azul, um segredo
No game intergaláctico. A esfera!
Com dedos destros no comando,
Dois valentes na Ilha de Quimera
Lutam sem medo a fantástica batalha,
Nas ilusórias fronteiras de Gargalha.

Autora: Valéria Áureo
In: Córrego do Tempo

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