Não me
pergunte a exatidão das horas,
Se tenho a
alma dispersada em pólen,
Onde os
segundos ávidos se engolem
Vorazes,
diluídos em distintas floras.
Não de mim, o
que ocorre do lado de fora,
Se tenho o
espírito libertado no éden,
Onde o tempo misterioso
é mera retórica,
Ainda que
dentro, ponteiros invisíveis me ferem...
Não sei das
horas, nem o que faço todo o tempo,
Se perdido
vivo no ilusório advento
De existir,
não existir, de contemplar o vento.
Não sei se
ainda sou, se morto ainda contemplo
O mundo, que
gira com meu sôfrego sopro... Lento.
Corpo ou alma,
que importa? Se eu ainda me invento?
Valéria Áureo
12/03/2009