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quarta-feira, 9 de outubro de 2019

Preciosismo





Não me pergunte a exatidão das horas,

Se tenho a alma dispersada em pólen,

Onde os segundos ávidos se engolem

Vorazes, diluídos em distintas floras.



Não de mim, o que ocorre do lado de fora,

Se tenho o espírito libertado no éden,

Onde o tempo misterioso é mera retórica,

Ainda que dentro, ponteiros invisíveis me ferem...



Não sei das horas, nem o que faço todo o tempo,

Se perdido vivo no ilusório advento

De existir, não existir, de contemplar o vento.



Não sei se ainda sou, se morto ainda contemplo

O mundo, que gira com meu sôfrego sopro... Lento.

Corpo ou alma, que importa? Se eu ainda me invento?


Valéria Áureo
12/03/2009