Da
recôndita plaga, a musa enganadora me sonda.
Conto
de mim, distante do rio, separado dos dois ( terra e água).
Incrustado na Zona da Mata, dos verdes pastos e dos bois...
Canoa
atada no fio da aurora, em cipó de embira,
Que em minh'alma amarrou mágoas.
Que em minh'alma amarrou mágoas.
Sou
um pombense altivo, um típico mineiro,
Agreste,
plantador de palavras, capoeiro,
Cultivo no papel, a lavoura da memória que me ronda - tímido trovador -
Cercando
minh’alma em fios invisíveis de arame farpado ...
Eu
tenho a cabeça briosa, mas os olhos para baixo, tangendo o gado,
Voltados
pra água mansa, que rola em tênues ondas.
No
entorno da cidade, toda forma de poema eu encaixo...
Aproveito
a escrivaninha das montanhas do sudeste
E
me faço um diplomata, um sujeito discreto que se veste,
Sem
uso do terno e da gravata, envolto em idiomas...
Sem
embaixada, sem itinerário, ou acadêmicas dragonas.
Escrevo...
E me emociono, me canso e falo baixo...
Nisso
muitas cidades invado; com esse jeito reservado...
De
costelas do corpo curvado; muito pouco eu ando...
Sofro com
a aflição da distância ( sensação de um espinho torto e encravado).
Escrevo
o poema da vida, sob inflexível e fatal encomenda,
De
viver hoje, amanhã e sabe Deus até quando...
Oculto
feito granito, sou pedregulho de distanciada ribeira.
Flamboyant
centenário, chegada e partida na rodoviária.
Sou palmeira, barco de papel ... Sou pequena nau mineira.
Sou palmeira, barco de papel ... Sou pequena nau mineira.
Mata...
Água da cachoeira... Tarde de sol e ladeiras.
Igreja
da Matriz, Largo, Cine Prolar, Baixio e goteiras.
Sombreado pela antiga mangueira - pintei o sete, o 87, na Rua Domingos Inácio.
Homem
feito, um sujeito triste... Faço do livro e da vida, um breve e discreto prefácio.
Sem
terno e gravata eu ouso; invento-me e me atrevo perto da clareira,
Aproveito
a bancada do barranco, a retórica, a idéia e escrevo.
E
me disfarço num diplomata do mato, um orgulhoso caipira,
Curioso e atento ... Tudo do Pomba nas saudades me inspira.
Autora : Valéria
Áureo